quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

"Problemas técnicos" no Masp

Postagem de número 100!

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) foi assaltado na madrugada desta quinta-feira (20), informou o G1. Realmente, esse país se supera!

A ação durou cerca de três minutos e foi filmada pelo circuito interno, segundo a assessoria do museu. Os ladrões levaram duas obras que estão entre as mais importantes do acervo: a tela "Retrato de Suzanne Bloch", do espanhol Pablo Picasso, de 1904, e "O lavrador de café", pintado pelo brasileiro Cândido Portinari em 1939.
A assessoria de imprensa do Museu de Arte de São Paulo (Masp) informou que o circuito interno de TV do museu filmou três homens levando os quadros de Picasso e Portinari. O furto teria sido cometido em apenas três minutos: entre 5h09 e 5h12 desta quinta. No momento do assalto, os três vigias de plantão estariam no subsolo e o acervo fica no segundo andar.
A tela "O lavrador de café", pintada pelo brasileiro Cândido Portinari em 1939, ficava em frente ao elevador, na entrada do segundo piso. Já a obra . "Retrato de Suzanne Bloch", do espanhol Pablo Picasso, de 1904, estava à exposição na região central do salão. O Masp, localizado na Avenida Paulista, não abrirá as portas para o público nesta quinta-feira. Na entrada, um cartaz avisa que o museu está fechado “por problemas técnicos”.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

EUA protegem terrorista Carriles


Enquanto em nome da luta contra o terrorismo, milhares de pessoas morrem no Iraque, Afeganistão, e outras são arbitrariamente detidas e torturadas no Abu Ghraib e Guantánamo, o governo dos Estados Unidos protege o mais conhecido terrorista deste hemisfério, procura enganar a opinião pública com intermináveis manobras pseudo legais e se nega a julgá-lo por seus verdadeiros crimes.
Luis Posada Carriles foi acusado e submetido a um julgamento inconcluso na Venezuela pelo atentado em 1976 contra um avião civil onde morreram setenta e três pessoas. Depois de escapar das prisões venezuelanas, em 1982, trabalhou para a CIA na operação conhecida como Iran Contras e na organização do genocida Plano Cóndor. Preparou depois, em 1997, una serie de atos terroristas contra hotéis de Havana. Em um deles perdeu a vida o jovem turista italiano Fabio Di Celmo.
Em 2000, projetou o atentado contra o Presidente Fidel Castro na Universidade do Panamá.
Em marco de 2005, Posada Carriles entrou ilegalmente nos Estados Unidos. Somente depois de reiteradas denúncias públicas que revelavam a presença deste bandido no seu território, o governo de George W. Bush pediu sua prisão e encausamento por delitos imigratórios e falso testemunho, sem a menor alusão aos atos de terrorismo.
Com o tratamento outorgado a Posada Carriles, as autoridades norte americanas, pressionadas pelos grupos extremistas cubanos do sul da Florida, foi colocado em absoluta evidencia a dual moral de sua guerra contra o terrorismo em nome da qual torturam, seqüestram e bombardeiam.

Ao mesmo tempo, como foi denunciado em numerosos foros internacionais e instituições de Nações Unidas, cinco ativistas anti-terroristas cubanos permanecem injustamente presos nos Estados Unidos, submetidos junto com seus familiares a um trato cruel e discriminatório.
Todas as pessoas honestas que no mundo levantam sua voz contra a guerra, contra o terrorismo conhecem a falta total de ética em que se baseia sua atuação a atual administração de Washington.
Exigimos que o governo dos Estados Unidos, em cumprimento de suas obrigações internacionais, julgue Luis Posada Carriles por todos seus crimes e atenda a solicitação de extradição que exigiu o Governo da Venezuela, e até hoje não obteve resposta.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O exemplo finlandês


Em setembro deste ano, a Folha de S. Paulo publicou entrevista excelente com a presidente reeleita da Finlândia. A social-democrata Tarja Halonen, fala sobre transparência na gestão pública, a corrupção, as relações entre o Estado e sociedade, educação e até meio ambiente. Para ela, a chave para o combate à corrupção é a transparência de informações e a boa remuneração do servidor público. No país, nem os rendimentos individuais são protegidos por sigilo -pode-se consultar os salários de qualquer cidadão. Advogada, Halonen diz temer que a Amazônia seja afetada pelo avanço da produção de álcool e que seu governo pode ajudar a preservar a área. Halonen, aliás, foi reeleita para mais seis anos de mandato.


ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A HELSINQUE

Não é só a baixa temperatura do verão (que chega a cair até 8C durante o dia) que surpreende o brasileiro em Helsinque, a capital da Finlândia que será visitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os próximos dias 9 e 11. O maior impacto é constatar as razões que fazem da Finlândia o país com menor índice de corrupção do mundo, ao lado da Islândia e da Nova Zelândia.
Os segredos, segundo contou em entrevista à Folha e ao "Valor" a presidente Tarja Halonen, 63, são a transparência e um bom salário para os funcionários públicos. Membro do Partido Social-Democrata, Halonen foi eleita em 2000, para mandato de seis anos, e reeleita no ano passado. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo na história da Finlândia.
Além de não ter corrupção perceptível, a Finlândia se orgulha de preservar o ambiente (dois terços do território são florestas e há 190 mil lagos) e do ensino gratuito a todos, do básico à universidade.
Halonen -uma senhora de cabelos vermelhos e curtos e de fala pausada- começou a entrevista lembrando que já esteve quatro vezes no Brasil, a primeira para a posse de Fernando Collor, em 1990. Lula, por sua vez, será o primeiro presidente brasileiro a visitar a Finlândia -mas não o primeiro chefe de Estado, pois d. Pedro 2º já lá esteve.
Em relação à política brasileira, ela comentou, bem-humorada, seu espanto diante do troca-troca partidário. ""Compreendemos que uma pessoa possa se casar duas, três vezes, mas mudar de partido é incompreensível."
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.




PERGUNTA - A corrupção existe nos países pobres e ricos, mas, nos primeiros, tornou-se uma praga que afeta o desenvolvimento econômico e social. Como a Finlândia controla a corrupção?
TARJA HALONEN - Obviamente sempre é bom ter mecanismos de controle, mas o mais importante é a administração ser aberta. Se a preparação e a elaboração das decisões políticas, dos convênios e dos tratados são públicas desde o início, é impossível que a corrupção tenha lugar na tomada de decisão. A administração aberta está relacionada não só ao setor público, mas ao setor privado também.
Outra coisa importante é que os salários sejam suficientes. Não estou falando do Brasil, mas, em muitos países, os funcionários ganham tão pouco que são obrigados a buscar dinheiro em outra parte. Se a pessoa não consegue se sustentar com o salário que recebe, a tentação da corrupção é muito grande. Mas tem gente que nunca está contente.
PERGUNTA - E como controlar os que nunca estão contentes?
HALONEN - Há um debate no país sobre a insatisfação das enfermeiras. Todos concordam que seu salário não é bom, e muitas procuram ocupação em outra área. O debate político é se vale a pena formar tantas enfermeiras se elas não vão exercer a profissão. Uma alternativa para elas seria a corrupção, mas isso não é aceito.

PERGUNTA - No Brasil, o rendimento salarial é protegido por sigilo. Os salários [de ocupantes de cargos públicos] são divulgados pelo governo, e os vizinhos denunciam a existência de sinais externos de riqueza incompatíveis com a renda.
HALONEN - Temos obrigação de informar nossos salários e se temos propriedades, para pagamento de impostos. Se as autoridades de fiscalização constatam que os bens não correspondem aos ganhos, exigem explicação. Os patrões têm obrigação de reter um percentual dos salários para a Previdência. O trabalhador pode tentar negociar com o patrão para que ele informe só parte do salário ao governo, mas, como a aposentadoria é proporcional ao salário, isso não convém [o assalariado pode se aposentar aos 63 anos, com 60% da média salarial dos últimos quatro anos, ou aos 68, com 80% do salário]. Todos os salários e impostos pagos pelo funcionalismo público são informação pública. Isso não é agradável, mas há que se acostumar.

PERGUNTA - A experiência educacional finlandesa é muito positiva. O que fazer para melhorar um sistema educacional que não é bom?
HALONEN - É muito importante ter coragem de alocar os recursos no ensino básico e criar uma base sólida, pois dessa maneira é possível desenvolver a justiça social. A responsabilidade pela educação é do poder municipal, mas o Estado tem, por lei, que dar subsídios às áreas mais necessitadas. Outro ponto importante é que as universidades e instituições de pesquisa estejam conectadas com a vida comercial e laboral. A universidade na Finlândia recebe apoio do Estado, mas tem total autonomia.

PERGUNTA - A Finlândia tem uma uma economia liberal, mas com forte presença do Estado. Em que atividades o Estado é necessário?
HALONEN - O sistema de bem-estar nórdico se baseia no Estado. Os serviços sociais e de saúde são construídos com fundos públicos. Temos médicos particulares, mas os hospitais são públicos. A administração da educação é majoritariamente pública. Não temos universidades privadas. Quanto aos meios de comunicação, a imprensa escrita sempre foi privada. A radiodifusão começou com recursos públicos, mas agora também há canais privados. A presença estatal é necessária em setores que, como energia e infra-estrutura, requerem muitos investimentos.

PERGUNTA - O modelo neoliberal é impeditivo do desenvolvimento dos países pobres?
HALONEN - Achamos que as decisões que repercutem em várias gerações têm de visar justiça e igualdade social. As crianças não podem escolher seus pais, então o Estado tem que apoiar as famílias com crianças. Investir nas crianças, nos adultos e no meio ambiente -este é um dos temas que unem Brasil e Finlândia.

PERGUNTA - A Finlândia se preocupa com a situação da Amazônia? Em que poderia ajudar a preservá-la?
HALONEN - Os países que compartilham a Amazônia têm estudado muito o tema nos últimos anos. Temos interesse nas riquezas naturais da região e gostaríamos que as pessoas que moram nela, em condições primitivas, pudessem conservar o entorno onde vivem. Um dos temas que vamos aprofundar com Lula é a exploração de madeira. Queremos mostrar nossa experiência de preservação e desenvolvimento sustentável.

PERGUNTA - A senhora teme a devastação de florestas para a produção de álcool?
HALONEN - Estamos muito preocupados, naturalmente. Mas os brasileiros também estão. Não quero me meter na política interna do Brasil, mas temos muitas experiências sobre o direito de possessão e o registro de terras. A maior parte das matas da Finlândia pertence ao Estado, e temos uma longa negociação com a população indígena, ao Norte. Conheço bastante a questão da terra no Amazonas. Temos participado de projetos de cooperação e apoio a seringueiros. As situações não são iguais, mas podemos ajudar os brasileiros a resolver essa questão.

PERGUNTA - O que mudou no país sob a gestão feminina?
HALONEN - As mulheres finlandesas conquistaram direitos políticos há cem anos, e a Presidência era o último posto que não tinham alcançado. Eu acho que a maior mudança é psicológica. É muito importante que as crianças saibam que, seja garoto ou garota, qualquer um pode chegar a ser presidente de seu país, e ser o que quiser.

O Banco do Sul


O Banco do Sul, a nova alternativa às instituições internacionais como o FMI e o Banco Mundial, está criado. A assinatura da ata de fundação ocorreu na Casa Rosada, em Buenos Aires, com a presença dos presidentes dos países membros - Brasil, Argentina, Venezuela, Paraguai, Bolívia e Equador. Tabaré Vasquez, do Uruguai, foi o único ausente.
Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova instituição terá um perfil semelhante ao do BNDES brasileiro, ou seja, será um banco de fomento que contará com recursos de todos os países para estimular o desenvolvimento de projetos na região.
Lula afirmou que o órgão será fundamental para a integração da região. "Com ele, vamos superar limitações de acesso a financiamento (...) Esse será o primeiro banco internacional verdadeiramente controlado pelos países do continente."

Vitória da maioria indígena na Bolívia


O presidente Evo Morales obteve mais uma vitória sobre a oposição. Depois de quase 16 horas de uma sessão confusa e em vários momentos tensa, a Assembléia Constituinte da Bolívia aprovou no domingo, na cidade de Oruro (oeste), a nova Carta Magna do país, o principal projeto do governo.
A Constituição será submetida a referendo.
Além de ampliar os direitos dos povos originários -62% da população boliviana pertence a uma etnia indígena-, a Carta permitirá a reeleição para presidente e vice para mais um único mandato de cinco anos.
Os 411 artigos da nova Carta foram referendados por dois terços dos presentes na sessão em Oruro: a esmagadora maioria do MAS (130 dos 160 assembleístas presentes) e aliados menores.
O ponto principal da nova Carta é a autonomia dos índios. Os departamentos já eram reconhecidos como autônomos, mas os indígenas nunca conseguiram isso. Foi aprovada a autonomia jurídica, uma reivindicação histórica. Com isso, o texto estabelece com igual hierarquia de autonomia a estados, províncias, regiões e comunidades indígenas.
Outro fator importante diz respeito aos magistrados na Bolívia. Até então, os juízes eram indicados e agora serão votados. Isso é revolucionário na Bolívia, contribuirá muito para a democratização do Judiciário. A nova constituinte também propõe um modelo que respeita a propriedade privada, ao contrário do acusam os opositores de Morales.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Petróleo


A política desastrada da gestão Bush no Oriente Médio acabou por produzir um resultado que ele não esperava: a alta dos preços do petróleo. A valorização beneficiou a Rúsia de Vladimir Putin e a Venezuela de Hugo Chávez.
Desde que Bush assumiu, em 2001, o preço do petróleo subiu de US$ 23 para quase US$ 100 por barril. Como resultado, a Rússia acumulou reservas de US$ 425 bilhões em ouro e moedas fortes, e a Venezuela dispõe de US$ 35 bilhões a mais para gastar.

Morales quer ouvir bolivianos sobre mandato


As agências internacionais de notícias informaram nas últimas horas que o presidente boliviano Evo Morales convocou, em pronunciamento transmitido pela TV estatal, um referendo revogatório do seu próprio mandato e do dos governadores. "Amanhã vou mandar um projeto de lei ao Congresso para que convoque esse referendo", afirmou. "Se o povo disser para eu ir embora, não tenho o menor problema com isso. [...] Nossa proposta é a mais democrática, a mais consciente e espero que resolva os problemas do país. Que o povo diga sim ou não a esse processo de mudança", continuou.
No discurso, Morales acusou os governadores de Santa Cruz, Pando, Tarija, Cochabamba e Beni, que representam "as forças conservadoras" contra seu projeto, de manipular a população de seus departamentos e pagar jovens para fazer greve de fome.
Os dirigentes oposicionistas estão nos EUA para reclamar das atitudes do governo na OEA (Organização dos Estados Americanos) e com a ONU.
O referendo revogatório já havia sido pedido por vários dos governadores oposicionistas, entre eles o do poderoso departamento (Estado) de Santa Cruz, Rubén Costa. Morales foi eleito em 2005 com 54% dos votos. Pesquisa divulgada na sexta pelo instituto Ypsos mostra queda na popularidade do presidente, de 62% em outubro para 52%. O presidente é bem visto por 72% na cidade de La Paz, mas só por 23% na cidade de Santa Cruz.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Morales apela para o diálogo

A agência de notícias Reuters informou que o presidente boliviano, Evo Morales, fez nesta quinta-feira um novo apelo ao diálogo com partidos e líderes regionais oposicionistas, para tentar resolver a tensão em torno da nova Constituição e da renda mínima para idosos. Morales, que não teve sucesso em tentativas anteriores de negociação, pediu aos líderes da Assembléia Constituinte que busquem o consenso entre todos os partidos sobre a nova Carta, aprovada preliminarmente no fim de semana pela bancada governista.
"Esperamos que essas pessoas [da oposição] façam uma profunda reflexão para juntos apostarmos na Bolívia", afirmou ele a jornalistas no palácio presidencial, criticando o "duplo discurso" dos líderes regionais, "que falam de unidade e gritam independência, falam de democracia e chamam à desobediência".
A oposição mantém-se irredutível. Os adversários do governo rejeitam --às vezes no Congresso, às vezes com greves regionais-- quase todos os planos políticos e econômicos do governo de Morales. O líder popular Waldo Albarracín também fez um "apelo urgente" ao diálogo nacional, enquanto a Igreja Católica convocou para um minuto de oração na sexta-feira pela paz e a unidade do país.
Embaixadores europeus deixaram uma reunião com Morales oferecendo ajuda para resolver a crise no país.
Segundo o vice-presidente da Bolívia, o sociólogo Alvaro García Linera, o que ocorre em seu país é, essencialmente, "um processo de ampla e generalizada luta e redistribuição do poder". Linera afirma que a reação às propostas do governo Morales dá-se por que a classe que sempre se beneficiou da riqueza do país e das relações com o Estado não aceitam a proposta de pactuação apresentada pelos movimentos sociais que respaldaram a recente vitória eleitoral. "Apostamos num processo de redistribuição pactuado do poder com um novo núcleo articulador: o movimento indígena”, afirma.

Ao tomar posse, García Linera dera o tom do novo governo que, segundo ele, voltará a unir a Bolívia após um período de instabilidade política e social, "mas não sobre as bases da injustiça, da imoralidade, do racismo". O sociólogo disse: "Cabe agora aos povos indígenas, aos mais nobres, aos mais verdadeiros de nossa pátria, à gente humilde ocupar o comando da nação e conduzi-la por um caminho de unidade, de integridade nacional", afirmou
As palavras de Linera encontram sentido na histórica realidade de exclusão da ampla maioria indígena boliviana, que representa 65% da população. A Bolívia é considerada o país mais pobre da América do Sul.

Burgueses

De Nicolás Gillén


Não me dão pena os burgueses

vencidos. E quando penso que vão a dar-me pena,

aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.

Penso em meus longos dias sem sapatos nem rosas.

Penso em meus longos dias sem abrigos nem nuvens.

Penso em meus longos dias sem camisas nem sonhos.

Penso em meus longos dias com minha pele proibida.

Penso em meus longos dias.


- Não passe, por favor. Isto é um clube.

- A relação está cheia.

- Não há vaga no hotel.

- O senhor saiu.

- Deseja uma mulher.

- Fraude nas eleições.

- Grande baile para cegos.

- Caiu o Prêmio Maior em Santa Clara.

- Loteria para órfãos.

- O cavalheiro está em Paris.

- A senhora marquesa não recebe.

Enfim, toda recordação.

E como toda recordação,

que droga me pede você para fazer?

Além disso, pergunte-lhes.

Estou seguro

de que também recordam eles.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

40 anos da morte de Che

Os 40 anos da morte de Ernesto Che Guevara foram lembrados em várias partes do mundo na última segunda-feira. Em Cuba, cerca de 10 mil trabalhadores e estudantes cubanos reuniram-se diante do mausoléu que ostenta uma estátua do guerrilheiro armado com um fuzil em Santa Clara - cidade da região central de Cuba que Che Guevara "libertou" em 1958, na batalha mais importante da revolução cubana.
No dia 8 de outubro de 1967, Che foi capturado e executado na Bolívia. "Che era amado, apesar de ser teimoso e exigente. Daríamos nossas vidas por ele", afirmou Tomás Alba, 80 anos, que lutou sob o comando de Che Guevara. Na homenagem em Santa Clara, uma faixa exaltava-o como um "verdadeiro exemplo das virtudes revolucionárias".
Che Guevara continua sendo um herói nacional em Cuba e um símbolo da revolução no mundo todo. O guerrilheiro dirigiu o banco central de Cuba e comandou o Ministério da Indústria durante os primeiros anos do governo revolucionário. Defendeu a nacionalização das empresas privadas e sonhou com uma sociedade sem classes na qual o dinheiro seria abolido e os salários se tornariam desnecessários. Em 1966, deixou Cuba para iniciar uma nova guerrilha nas selvas da região leste da Bolívia, combate em que viria a ser morto.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Granma lembra Allende e 11/9


Muitos povos do mundo sofrem todos os dias conseqüências similares aos atentados do 11 de setembro por causa das políticas da Casa Branca, afirmou nesta terça-feira o jornal oficial cubano Granma.

"Para muitos povos do planeta, em todos os dias há um 11/9 por mais que se oculte que as políticas impostas pela Casa Branca, sejam econômicas, militares ou até meio ambientais, resultem num atentado contra a humanidade", afirma o jornal.

Granma recorda que nessa mesma data, só que em 1980, a "máfia anticastrista apoiada por Washington assassinou impunemente", em Nova York, o diplomata cubano Félix García.

Também nessa data, em 1973 "a junta fascista de Augusto Pinochet, com o beneplácito ianque, derrubou o governo da Unidade Popular do presidente Salvador Allende (foto), imolado naquele dia".

"Se nas Torres Gêmeas e no Pentágono morreram cerca de 3.000 pessoas, o mundo vive desde então dias de sangue multiplicadas pelo efeito da 'cruzada global antiterrorista' dos Estados Unidos", afirma o Granma, citando as invasões do Afeganistão e do Iraque.

Com informações da agência France Presse

Vice boliviano acusa EUA de financiar oposição


O vice-presidente boliviano, Alvaro García Linera, disse que as verbas norte-americanas de ajuda ao país são usadas para financiar grupos de oposição ao governo de esquerda do presidente Evo Morales.

Desde que assumiu o poder, em janeiro de 2006, Morales, um líder de origem indígena aymara, tem se aliado a outros líderes de esquerda latino-americanos, como o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o cubano, Fidel Castro. García Linera afirmou que Washington está doando milhões de dólares para criar uma "usina ideológica" para os políticos conservadores que se opõem ao governo.

Um porta-voz da embaixada americana se negou a comentar o assunto e disse não ter escutado os comentários do vice-presidente. Mas, na semana passada, o embaixador americano na Bolívia, Philip Goldberg, admitiu que o valor anualizado da ajuda de seu país até outubro poderia chegar a 120 milhões de dólares e não a 140 milhões de dólares. "Ajudas que fomentam resistências políticas não são boas ajudas e não são bem recebidas", disse García Linera, um intelectual e ex-guerrilheiro de esquerda.

Com informações da agêncua Reuters.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Oitenta e um anos de Fidel Castro


O presidente cubano Fidel Castro completa hoje 81 anos de idade. O guerrilheiro que derrotou o ditador Fulgencio Batista em 1959 e governou Cuba nos 47 anos seguintes desafiando os Estados Unidos, mantém-se como o principal líder político da América Latina e um dos grandes estadistas, talvez o único no mundo.

sábado, 4 de agosto de 2007

Sobre a colaboração de classe

Em novembro do ano passado, o jornalista, escritor, professor da PUC-SP e editor da revista Caros Amigos, José Arbex Jr., disse em entrevista ao site Fazendo Media, que não acredita em govrnos que promovam a colaboração de classe, situação que descreveu como a "ante-sala do fascismo". Destaco, a título de curiosidade, um trecho da entrevista sobre o assunto:

"(...) é só pesquisar fatos históricos. Quem preparou o franquismo? A Frente Popular espanhola. O mesmo aconteceu com a França, cuja Frente Popular abriu a avenida para a república colaboracionista de Vichy. Os exemplos se multiplicam. É inevitável: as ilusões com o governo fazem com que os movimentos populares desçam a gaurda, abandonem posições de confronto, comecem a aposta na estabilidade burguesa e nos acordos para 'melhorar um pouquinho' a vida. Cria-se a percepção ilusória de que os conflitos podem ser resolvidos na mesa de negociações. Junto com isso vem a corrupção, a cooptação dos dirigentes, o abandono de princípios. Aí estoura a crise, e a burguesia ataca as migalhas que antes haviam sido atiradas ao povão. Só que, nessa altura, todas as organizações populares, pelo menos as mais importantes, já foram desmanteladas. Foram transformadas em caricaturas (...)"

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Banrisul à venda


O governo do Rio Grande do Sul embolsou ontem R$ 1.264.414.452,69 obtidos com a venda de ações do Banrisul. A informação é do secretário da Fazenda e presidente do conselho de administração do Banrisul, Aod Cunha. A receita veio da venda do primeiro lote de ações do Banrisul, uma das cartadas da governadora Yeda Crusius que administra o Estado em meio a maior crise da história.
No primeiro dia de comercialização, foram realizados cinco mil negócios. Cada papel foi vendido a R$ 12. Ao todo, as transações resultaram em R$ 360 milhões em apenas um dia. As ações do banco gaúcho foram as terceiras mais negociadas na Bovespa no dia - perdendo apenas para os títulos da Vale do Rio Doce e da Petrobras.
O desempenho superou a expectativa até de sua diretoria, com valorização de 1,66% em relação ao preço fixado na primeira fase da operação. Apesar de o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, afirmar que pretende manter a presença da instituição nos municípios gaúchos, há o temor de que, para atender aos critérios de competição, o Banrisul tenha de abrir mão de agências deficitárias. Ou seja, o governo de Yeda repete a fórmula neoliberal, de quanto menor o Estado para o povo melhor, desde que isso não comprometa os negócios dos amigos.

terça-feira, 31 de julho de 2007

O corte começou na França



A agência EFE informou hoje que o primeiro ministro francês François Fillon anunciou a supressão de 22,7 mil postos de trabalho no governo, com o objetivo de reduzir o déficit público, previsto de 2,3% do PIB para 2008.
A estratégia é não ocupar um em cada dois postos de funcionários aposentados, exceto nas árreas de educação, pesquisa e justiça. O anúncio ocorreu durante entrevista coletiva ao final de uma reunião ministerial sobre orçamento para o próximo ano.
A medida foi uma das principais bandeiras de campanha do presidente eleito Nicolas Sarkozy, que derrotou a socialista Ségonèle Royal na disputa deste ano.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Internet no Brasil

A agência de notícias Reuters informa hoje que o Brasil lidera na América Latina em número de usuários da internet, mas só supera a Colômbia quando o assunto é penetração --a comparação entre a quantidade de pessoas que freqüentam a web e a população total do país.

Segundo a matéria, no mês passado, 15,8 milhões de brasileiros visitaram pelo menos uma página da internet, bem acima do segundo colocado, o México, com 10,7 milhões. No entanto, esse número representa apenas 11% da população do Brasil com pelo menos 15 anos de idade. No Chile, o líder da região, a penetração é de 45%, na Argentina, 24%, no México, 14%, e, na Colômbia --a pior colocada--, 9%.

Os dados são da empresa americana comScore, uma das mais conhecidas do setor de pesquisas do mundo digital. É a primeira vez em que ela faz um levantamento sobre o uso de internet na América Latina.

domingo, 29 de julho de 2007

Mais uma tragédia

O acidente com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas é mais um episódio a expor as antigas mazelas de um país refém dos interesses privados, de grandes corporações, de seus interesses particulares. De um país cujos governos - todos eles - repetem-se na incompetência de gestão, na irresponsabilidade sobre os rumos da nação, na ausência de planejamento das questões estruturais.
A tragédia - apenas mais uma a devorar vidas no cotidiano deste país - faz parte, no fundo, da histórica apropriação do público pelo privado. Destaco um artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo, na última Carta Capital.

Acesse http://www.cartacapital.com.br/2007/07/454/refens/

Democracia à brasileira


Após quatro anos de mandato do presidente Lula, apesar de alguns avanços produzidos pelas políticas governamentais, o país ainda convive com escândalos sociais inaceitáveis. E, para muitos, até difícil de dimensionar.
Para isso, no entanto, basta correr os olhos por alguns números, que assustam.
Diante das idéias de Espinosa, é no minimo instigante descobrir que o Brasil é considerado "a quinta "democracia do mundo" e "a principal economia da América Latina" ao mesmo tempo em que é "um dos três mais desiguais do planeta", segundo a ONU.
Que democracia é esta que, conforme o Ipea, condena 59 milhões de pessoas (31,5%, 2004) à pobreza e, deles, 26 milhões à extrema pobreza?

Que demoracia é esta que mantém a desigualdade em patamares impressionantes: a renda do 1% mais rico equivale ao de 50% da população do país?

Que democracia é esta que não consegue incluir a metade da força de trabalho nacional no mercado formal, o que impede essas pessoas o acesso à previdência e a remuneração menos indecente?

Que democracia é esta que se move, segundo números da OIT, explorando a força de trabalho de 4,78 milhões de crianças e jovens entre 5 e 17 anos, mal remunerados e em condições inaceitáveis?

Que democracia é esta que convive com 50 mil homicídios por ano, a maioria pobres e negros?

Que democracia é esta que, segundo o Ipea, não consegue evitar a evsasão de 43% das crianças que começam o ensino básico?

Que democracia é esta que permite a apenas 5% dos pobres "o privilégio" de chegar ao ensino superior?

Que democracia é esta que não consegue ensinar a metade dos alunos da quarta série a ler um texto?

Que democracia é esta?

A democracia, segundo Espinosa


Para o filósofo Baruch de Espinosa, a democracia é a única forma da política que considera o conflito legítimo. Entretanto, o filósofo contrapõe o conceito de democracia ao usado pelos liberais, que a consideram um regime da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais. Para eles, portanto, a tendência é a de conter os conflitos sociais.
O tema foi tratado certa vez em um debate pela filósofa Marilena Chauí. Segundo ela, a boa política se dá quando permite que a concórdia supere a discórdia entre os homens. Mas não se trata de qualquer concórdia, ela adverte. "Há que ser uma concórdia democrática, ou seja, um regime em que os cidadãos não estejam submetidos a nenhum poder tirânico", afirma. Ela diz que a paz não é simples ausência de guerra. "Uma cidade na qual a paz depende da inércia dos súditos deve ser corretamente ser chamada de solidão que de cidade."
Daí que Chauí une a idéia de concórdia com a possibilidade de conflito, própria à democracia.

Démocratie


Recorro a poesia de Arthur Rimbaud para ilustrar este domingo.

"A bandeira se agita na paisagem imunda, e nossa gíria abafa os tambores.
Nos centros, alimentaremos a mais cínica prostituição.
Massacraremos as revoltas lógicas.
Em países dóceis e picantes! - a serviço das mais monstruosas explorações industriais ou militares.
Adeis aqui, não interessa onde. Legionários de boa vontade, nossa filosofia será feroz; ignorantes sobre ciência, esgotados pelo conforto; que esse mundo se rebente.
Esse é o verdadeiro avanço.
Em frente, marche!"

Protesto nos EUA contra proibição de viagens a Cuba

A Reuters informou que manifestantes norte-americanos atravessaram a fronteira vindos do Canadá neste sábado após terem feito uma viagem a Cuba que violou o embargo dos Estados Unidos à ilha.
Cerca de 60 membros do grupo pró-Cuba Venceremos Brigade atravessaram a ponte fronteiriça que liga o Canadá a Búfalo, no Estado de Nova York, em sua volta de Havana.
Viajantes norte-americanos que querem ir a Cuba geralmente saem do Canadá, que tem vôos regulares para o país socialista.
"O governo nos diz que não temos o direito de viajar, e nós achamos que temos, então estamos prontos para batalhar legalmente com o nosso governo", disse Kathe Karlson, membro da organização.
O protesto aconteceu após à polêmica visita do cineasta Michael Moore a Cuba para fazer seu novo documentário, "Sicko", o qual critica o sistema de saúde dos EUA.
Autoridades dos EUA têm investigado a viagem de Moore como uma potencial violação do embargo.
Norte-americanos que viajam a Cuba sem permissão geralmente não são presos ao voltar, mas podem receber uma multa de 7.500 dólares por gastar dinheiro na ilha sem permissão.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Sinto Vergonha de Mim


Rui Barbosa

"Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto."

Ongs e o dinheiro público

Deu no Estadão no domingo: O governo federal destinou R$ 3 bilhões a organizações não-governamentais (ONGs) e organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips) no ano passado, segundo dados do Ministério do Planejamento. O valor corresponde a 1,29% do Produto Interno Bruto (PIB). Do total, técnicos do governo, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU) calculam que quase a metade - perto de R$ 1,5 bilhão - tenha sido desviada da finalidade original dos convênios ou encontrado algum ralo que represente a perda do dinheiro público.

Os R$ 3 bilhões destinados às ONGs significam um valor astronômico, se comparado aos R$ 11,7 bilhões (5,04% do PIB) transferidos também em 2006 pela União aos 27 Estados e Distrito Federal e aos 5.561 municípios pelo Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Participação dos Municípios (FPM), royalties pela exploração do petróleo e do gás natural, compensações financeiras devidas pela utilização de recursos hídricos e minerais e os valores pagos pela Itaipu Binacional.

É impressionante a capacidade que o Brasil tem de desvirtuar experiências positivas. O terceiro setor funciona no mundo todo com êxito, numa parceria importante entre governo e sociedade, com resultados indiscutíveis. Mas no Brasil...

domingo, 8 de julho de 2007

Domingo, dia de poesia

Mario Benedetti tem um poema intitulado Somos la catástrofe, inspirado em Octavio Paz, para quem o trabalho dos intelectuais da América Latina é catastrófico. O uruguaio usa sua típica ironia para responder a crítica. Destaco dois trechos, o primeiro e os dois últimos:

"(...) Dice Octavio que en latinoamérica
los intelectuales somos la catástrofe
entre otras cosas porque defendemos
las revoluciones que a él no le gustan

(...) los derrotados mantenemos la victoria
como utopía más o menos practicable
pero una victoria que no pierda el turno
de la huesuda escuálida conciencia

los vencidos concebimos el milagro
como quimera de ocasión
pero siempre y cuando sea un milagro
que no nos cubra de vergüenza histórica
o simplemente de vergüenza."

Tópicos do atraso I


Ilustração: Engenho de cana (Henry Koster)

A Restauração fortaleceu figuras como a do traficante de escravos, que assumiu a função de comissário para explorar fazendeiros.No lugar do empreendedor de obras, surgiu a figura do "afortunado dos corredores políticos", segundo Caldeira, que explica que "o empreendimento será filho do desprendimento a particulares dos ganhos do Fisco". Vale a pena ler esta citação de Raimundo Faoro, do livro de Caldeira:

"Formigavam nos ministérios, nos corredores da Câmara e do Senado, magotes de aventureiros, intermediários e empresários nominais, em busca das cobiçadas concessões, dos fornecimentos, das garantias de juro, das subvenções, para o lucro rápido e sem trabalho das transferências. As dificuldades se dissipam, ao aceno das participações e dos empregos. O segundo Banco do Brasil sofre, ao ser lançado, tenaz e misteriora oposição. O incorporador sente que a obstrução vinha dos candidatos aos cargos de diretor. Só a gratuidade resolve as oposições. A chamada elite agrária, forte e altiva nos seus latifúndios, some diante do ardente círculo dos negócios: ela está subordinada, pelos interesses da escravidão, 'ao monopólio de outros monopólios comerciais'. O patronato político não distribui somente empregos e cargos, ele enriquece e empobrece seus protegidos e adversários, num entendimento que o dinheiro projeta além dos partidos. Os puritanos enrouquecem denunciando escândalos (...) O Segundo Reinado será o paraíso dos comerciantes, entre os quais se incluem os intermediários honrados e os especuladores prontos para o bote à presa, em aliança com o Tesouro. (...) Os agricultores vergados ao solo, os industriais inovadores servem, sem querer, aos homens de imaginação forrada de golpes, hábeis no convívio com os políticos, astutos nas empreitadas."

Caldeira explica que esse período, considerado por ele o "auge do Império", só enfraqueceu com a Guerra do Paraguai e o enriquecimento dos fornecedores paulistas, o que abriu caminho à República. Foi então que, identificando as enormes ineficiências do sistema vigente, fez-se a pergunta: "era necessária a atividade política para controlar o crescimento econômico?".

A semelhança com os dias atuais é assustadora.

Tópicos do atraso


Tela de Portinari

Em 1851, o tráfico de escravos foi extinto no Brasil. Isso provocou um excesso de liquidez no mercado, favorecendo outras atividades econômicas. Vivia-se um período de equilíbrio fiscal e redução das taxas de juro. A tendência era a de isolamento da produção escravista, monetização da produção livre e liquidação das cadeias de endividamento. A nova realidade derivava, em parte, de sacrifícios feitos pelos setores liberais - e antiescravistas - do país.
Mas essa etapa durou pouco. Em menos de dois anos, uma reação conservadora, apoiada pelo imperador português, que ainda exercia influência sobre os rumos econômicos e políticos, mudou o rumo dos fatos. Entrou em jogo a antiga autoridade real para impedir a capitalização do mercado livre. O sistema financeiro foi estatizado e o gasto público incrementado. O primeiro passo, segundo relata Jorge Caldeira, em sem A Nação Mercantilista, foi a tomada do Banco do Brasil, o segundo a realização de um conjunto de obras públicas, a principal delas a estrada de ferro d. Pedro I.
"O que a 'natureza' não mais fazia, o Estado faria: preservar o atraso na liquidação das cadeias de dependência", afirma. Dessa forma, o Brasil assumiu o acordo português da Restauração, abandonando mais uma vez (e não seria a última) os objetivos de crescimento econômico, para "manter a união nacional das clientelas".

quarta-feira, 4 de julho de 2007

O tempo da justiça

Depois de vários dias sem comparecer a este espaço, retorno com um poema de Maurício de Macedo, A Esperança. Confesso que os tempos têm sido difíceis e que a inspiração escassa.

"Ainda que a gente suporte
a violência dos ricos,
o suborno dos juízes
e a falsidade das bocas,
Ainda que o príncipe exija
sempre mais
e que as mãos estejam hábeis
para fazer o mal,
O profeta contempla
o tempo da Justiça
em que as espadas serão arados
e as lanças, podadeiras."

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sobre a utopia


Óleo sobre tela Paisaje zapatista, 1915, de Diego Rivera, e trecho de Eduardo Galeano.

"Caminho dez passos, ela se afasta dez passos.
Corro cem metros, ela se afasta cem metros.
Por mais que eu a persiga, jamais a alcanço.
Então para que serve a utopia?
Serve para isso: para fazer caminhar."

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Frase do dia


Numa sessão em homenagem à TV Bandeirantes, o ainda presidente do Senado Renan Calheiros criticou a imprensa. Leva a taça do cinismo.

- Liberdade de imprensa exige equilíbrio, serenidade, ética e responsabilidade. Sem responsabilidade, abre-se espaço para o excesso, para a pirotecnia, tudo isso em desfavor das instituições e a bem do sensacionalismo, mazela que, cada vez mais, é banida dos valores da sociedade. Exercer a liberdade requer consciência coletiva, sob pena de se marchar para a ditadura da opinião preconcebida, que, por ser parcial, segue ao sabor dos ventos, inclusive dos ventos do preconceito, dos ventos dos interesses velados.

A coleira de pedras preciosas



Suassuna, o homem-show, segundo O Globo:

Ariano Suassuna é do tipo que perde o amigo, mas não perde a piada. Ontem, no auditório do jornal O Globo, o escritor paraibano e secretário de Cultura de Pernambuco fez uma analogia entre uma cena de "Auto da Compadecida", adaptado para a televisão em 1999, e uma notícia que leu em um jornal recentemente. Ele lembrou da cena em que João Grilo (vivido por Matheus Nachtergaele na minissérie de Guel Arraes) fica doido quando vê o cachorro da patroa comendo um bifão suculento, enquanto ele e Chicó (Selton Mello) têm que se satisfazer com a papa preparada com restos de comida. "Em 'Auto da Compadecida', João Grilo fica doido quando vê o cachorro da patroa comendo um bife passado na manteiga. Dia desses, li em um jornal uma notícia de que existe uma loja que vende coleiras de cachorro cravejadas de pedras preciosas. Eu fiquei indignado. Se eu soubesse disso antes, não tinha falado tão mal da mulher do padeiro. Enquanto tiver gente passando fome, isso tem que parar", disse Suassuna.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

UE busca novo diálogo com Cuba


O Herald Tribune publicou ontem que a Europa concordou em abrir um novo diálogo com Cuba, buscando forjar um novo relacionamento com o governo em Havana. Os ministros das relações exteriores dos 27 países da União Européia (UE) convidaram autoridades cubanas para um encontro em Bruxelas. Em uma declaração, os ministros da UE disseram que a transferência de poder do presidente Fidel Castro (foto), devido aos seus prolongados problemas de saúde, para uma liderança coletiva comandada por seu irmão Raúl, "constitui uma nova situação". A declaração da UE foi saudada como uma vitória pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, que visitou Cuba em abril e se encontrou com Raúl Castro.

A Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos fez recentemente uma visita de cinco dias a Cuba para avaliar como as autoridades reagiriam em caso do término das restrições de Washington a viagem e ao comércio agrícola. Cresce a pressão no Congresso americano para um relaxamento do embargo, mas o governo Bush e o establishment político cubano-americano têm resistido a tais esforços. As sanções políticas permanecerão congeladas, não anuladas. Madri pressionava pela suspensão formal das sanções. Em sua declaração, a UE disse estar "pronta para retomar um diálogo político abrangente e aberto com as autoridades cubanas em todos os assuntos de interesse mútuo".

quinta-feira, 14 de junho de 2007

El Che


Em 14 de junho de 1928, nascia Ernesto Guevara, em Rosário, na Argentina. Um dos cinco irmãos do arquiteto e militante político Ernesto Guevara Lynch e de Celia de la Serna y Llosa, Che tornou-se um dos líderes revolucionários que derrubaram a ditadura de Fulgêncio Batista, em Cuba. Guerrilheiro, médico, ministro e até presidente do Banco Central de Cuba, Che Guevara é o símbolo da revolução na América Latina e no mundo. Quando estive em Havana, em março do ano passado, passei por um outdoor com uma frase que revela o espírito de Che:

"Vale milhões de vezes mais a vida de um só homem que todas as propriedades do homem mais rico da terra."

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Under the American Flag


Uma bela ilustração de Steve Adams.

É só morte na imprensa, diz Lula


Ao lançar o Plano Nacional de Turismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a imprensa, alegando que ela só noticia coisa ruim e que isso desestimula as pessoas sair de casa. "O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Não tem", desabafou o presidente, em discurso de improviso. "Se fala de Pernambuco, é morte, se fala do Ceará é morte, se fala da Bahia, é morte. Ou seja, ele fala: 'peraí eu não vou sair daqui não, vou ficar dentro de casa'. E ainda olha se tem uma fresta pra não vir uma bala perdida", afirmou Lula.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Voz


Um poema de Nelson Ascher, ilustrado com painel de Raúl Martinez, para este domingo que já passou.

Ninguém jamais

regeu tão extra-

(pois sem rivais)

vagante orquestra

como a que destra-

vando os umbrais

com chave-mestra

— cordas vocais —

propõe que além da

canção, com elas,

a mente aprenda

(mais do que vê-las

sem qualquer venda)

a ouvir estrelas

quinta-feira, 7 de junho de 2007

A superação, de novo


Para o Grêmio, nenhuma conquista é fácil. Com muita garra, o Grêmio chegou ontem a mais uma final da Libertadores, após a derrota por 3 a 1 para o Santos, na Vila Belmiro. A frase do meia Tcheco resume por que o Grêmio chegou até a final: "Nosso time não é o mais técnico, mas é o mais competitivo da Libertadores." A valentia com que os jogadores carregam a camisa tricolor e superam os momentos mais difíceis, como a última partida da segundona, contra o Naútico, que ficou conhecida como a Batalha dos Aflitos, é o grande diferencial do time gaúcho. Assim, o Grêmio vai vencendo desafios que, para a maioria, seriam insuperáveis.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Cada vez mais estranhos


Dois exemplares da política brasileira: o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (e), e o governador de São Paulo, José Serra, durante inspeção de mediação da quantidade de fumaça emitida pelo escapamento de caminhões movidos a diesel, na capital paulista. Foto da AGÊNCIA ESTADO.

Dia do meio ambiente


A WWF Brasil pôs 6 mil balões no gramado do Congresso, em Brasília, no Dia Mundial do Meio Ambiente. Eles representam os 6 milhões de toneladas de gases de efeito estufa produzidos por dia no país. Foto de Jamil Bittar, da agência Reuters.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Cuba amplia relações comerciais


Granma Internacional - Se as viagens e o comércio entre os Estados Unidos e Cuba se normalizassem, os cinco primeiros anos dessa relação significariam um acréscimo de US$ 21 bilhões no intercâmbio de bens e serviços. A estimativa é do presidente da Empresa Cubana Importadora de Alimentos (Alimport), Pedro Álvarez Borrego, ao abrir uma nova rodada de negociações com produtores agropecuários estadunidenses.

No mês passado, Havana recebeu 265 homens de negócios de 114 companhias de 25 estados norte-americanos, para assinar acordos avaliados em mais de US$ 100 milhões na compra de alimentos. Toneladas de arroz, farinha, soja, milho, frango fracionado e outros produtos completam a relação de mercadorias acordadas com os empresários norte-americanos.

A política de guerra econômica contra Cuba castra a possibilidade de ações mercantis em outros setores, e, por sua vez, obriga a ilha a formalizar os pagamentos de suas compras, à vista, de maneira antecipada e através de bancos em terceiros países. Tudo isso, não dispondo de créditos financeiros e com a obrigação de transportar as mercadorias em navios com a bandeira dos EUA ou de conveniência.

De acordo com a Alimport, em 2006 as importações e os custos de operações para os EUA cresceram para US$ 570,8 milhões. Estas transações, executadas num ambiente restritivo, levaram ao aumento considerável dos custos financeiros para a Ilha, sendo as afetações por esse conceito da ordem dos US$ 21,8 milhões.

William Hawnk, à frente dos agricultores pelo estado de Mississippi, declarou em nome de seus colegas que estava plenamente comprometido com o fim das barreiras políticas que afetam as relações entre os dois países e tornam mais difícil o comércio entre ambas as nações.

Rosa de Lauro, à frente do grupo de congressistas democratas e republicanos assistentes ao evento, disse que a viagem lhe permitiu reforçar seu critério de que “se deve pôr fim ao embargo” e “incrementar as oportunidades de comércio entre os dois países”.

Pedro Álvarez disse que, sob as duras restrições, que nos privam de importantes fontes de receitas, Cuba foi capaz de desenvolver excelentes relações com as associações e federações, o departamento da agricultura dos diferentes estados, os portos e empresários em geral, desde que, em 2001, mediante uma cláusula às leis do bloqueio, foram acordadas estas compras à vista.

Porém, Álvarez diz que a teimosa ação do bloqueio impede que as compras feitas a produtores dos Estados Unidos tripliquem. Acontece que para garantir a alimentação dos 11 milhões de cubanos, a Alimport deve importar neste ano uns US$ 1,6 bilhão, para um crescimento de 600 milhões nos últimos quatro anos, e com tendência a duplicar. Atualmente, o índice de importações beira os 7,8 milhões de toneladas de alimentos. Delas, 95% são destinados à cesta básica da população cubana (sistema que garante, de forma eqüitativa, produtos como arroz, legumes, açúcar, café, leite, peixe, etc), a preços subvencionados pelo Estado e que distam muito do importe que deve pagar para adquiri-los. Por exemplo, um quilograma de arroz é obtido a uns 43 ou 45 centavos de dólar, más é vendido à população a menos de 3 centavos. (Gilda Fariñas Rodríguez — do Granma Internacional)

Hors de Prix



A atriz francesa Audrey Tautou lança o filme "Hors de Prix" em Madri, em foto da agência EFE, no site UOL.

Fidel recebe Duc Manh


O presidente Fidel Castro Ruz recebeu, na tarde do último sábado, em Havana, a visita do secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã, Nong Duc Manh, informou a AIN. Durante quase duas horas, os líderes de ambos países falaram sobre assuntos de interesse mútuo e especialmente sobre a América Latina e o Caribe, região que o máximo dirigente político vietnamita visitou nos últimos días. Demonstrando boa recuperação, durante o encontro, o presidente Fidel expressou sua admiração pelo "heróico povo" de Vietnã e os avanços de sua economia,da educação e da saúde. Também explicou a Nong Duc Manh os resultados que alcançou a Revolução Energética tanto em Cuba quanto na Venezuela. Nong Duc Mahn, por sua parte, salientou sua satisfação pela recuperação de Fidel e lhe transmitiu a saudação solidária e o carinho de seu povo. Segundo a agência, "foi um encontro que reafirmou os entranháveis laços que unem nossas nações irmãs".

Garcia defende Chávez

O Estadão informoa que depois que o presidente da Venezuela voltou a atacar mais uma vez o pedido do Senado brasileiro para que reveja a suspensão da concessão da emissora RCTV, o assessor especial da Presidência da República, ministro Marco Aurélio Garcia, saiu em defesa de Hugo Chávez. Ele afirmou que "Chávez não fez nada de ilegal" ao tirar do ar a emissora. "Andei não poucas vezes pela Venezuela. Em raros países eu vi a imprensa falar com tanta liberdade quanto na Venezuela", declarou.

Chávez é parceiro, não um perigo, diz Lula


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é um parceiro do Brasil e não representa um perigo à América Latina. Esta é a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o impacto do governo de Chávez na região, feita em entrevista exclusiva ao programa de TV Hard Talk, da BBC, na manhã de hoje, em Londres. "Chávez tem sido um parceiro do Brasil, nós temos grandes negócios na Venezuela, estamos fazendo refinarias conjuntas", afirmou Lula, ao repórter Stephen Sakur. "Eu não acredito que Chávez represente um perigo para a América Latina."

Sobre a disputa entre Venezuela e Estados Unidos, Lula disse: "Chávez tem suas razões para brigar com os Estados Unidos. E os Estados Unidos têm suas razões para brigar com a Venezuela. O Brasil não tem nenhuma razão para brigar com os Estados Unidos ou a Venezuela."

Sobre a crise envolvendo o fechamento dos sinais de transmissão da rede de TV RCTV, Lula afirmou que se trata de um assunto interno da Venezuela. "Nós temos que aprender a respeitar a lógica legal de cada país. Eu não dou palpite nas políticas internas de nenhum país", afirmou Lula, que disse que no Brasil seu governo tem lutado para garantir a liberdade de imprensa.

Limpa no Judiciário

Segundo o Estado de S. Paulo de hoje, desde que passou a funcionar, em junho de 2005, seis meses após sua criação, a Corregedoria Nacional de Justiça puniu 140 juízes, com afastamento ou demissão. Destes, 107 eram magistrados estaduais, 24 trabalhistas e 9 federais. Em outros 26 casos, na iminência de serem processados, os juízes anteciparam pedidos de aposentadoria para não perderem salários e benefícios. Enfim, um dos poderes mais conservadores e - até pouco tempo - intocáveis do país, é submetido ao controle externo.

domingo, 3 de junho de 2007

Defender la alegría


Domingo, dia de poesia, lembro de Mario Benedetti, com sua Defensa de la alegría:

"Defender la alegría como una trinchera
defenderla del escándalo y la rutina
de la miseria y los miserables
de las ausencias transitorias
y las definitivas
(...)
defender la alegría como un principio
defenderla del pasmo y las pesadillas
de los neutrales y de los neutrones
de las dulces infamias
y los graves diagnósticos
(...)
defender la alegría como un derecho
defenderla de dios y del invierno
de las mayúsculas y de la muerte
de los apellidos y las lástimas
del azar
y también de la alegría."

Uma invenção


Morto há nove anos, o escritor e poeta mexicano Octavio Paz ocupou no mundo intelectual o mesmo espaço que Jean-Paul Sartre e Albert Camus na França, José Ortega y Gasset na Espanha ou Alfonso Reyes no México. O Prêmio Nobel de Literatura de 1990 disse, certa vez:

"Não nascemos livres: a liberdade é
uma conquista - e mais: uma invenção."

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Um pouco de Neruda


De Neruda, em Canto Geral

"Eu quero terra, fogo, pão, açúcar,
farinha, mar, livros, pátria para todos,
por isso ando errante..."

quarta-feira, 30 de maio de 2007

O velho comunista


Marcelo Salles/fazendomedia.com

Em 2006, a revista Caros Amigos publicou entrevista especial com o arquiteto Oscar Niemeyer. Abaixo, algumas frases do velho comunista:

"Isso é besteira. Eu não sou importante. O sujeito que vai num protesto é mais importante do que eu" (em resposta a afirmação de que ele será o único brasileiro a ser lembrado daqui a 500 anos)

"O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar".

"Quando a miséria se multiplica e a esperança foge do coração dos homens... só a revolução".

"A América Latina está caminhando para a revolução. Já compreendeu que precisa se armar, pois não sabe o que vem por aí. Bush está desmoralizado".

"Lula quer melhorar o capitalismo, mas o capitalismo está morto".

O Lula é um operário no poder. Se importa com a pobreza. Esse governo não tem o ímpeto de mudança que a gente esperava, mas a outra opção é pior".

As curvas


Niemeyer, sobre a sua relação com a arquitetura:

"(...) Não é ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homen.
O que me atrai é a curva livre e
sensual. A curva que encontro
nas montanhas do meu país, na
mulher preferida, nas nuvens do
céu, e nas ondas do mar.
De curvas é feito todo o universo.
O universo curvo de Einstein."
Foto de Fábio Cherman

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Nova geração


O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, produziu mais um factóide nesta segunda-feira, no dia do Memorial Day, para tentar melhorar sua imagem pública. Bush homenageou a "nova geração" de soldados que combatem no Iraque e no Afeganistão. Disse ele no cemitério militar de Arlington (EUA): "Enterramos nossos mortos aqui durante sete gerações". E acrescentou: "Agora, esta terra sagrada recebe uma nova geração de heróis: homens e mulheres que deram sua vida em lugares como Cabul, Kandahar, Bagdá e Ramadi".
A campanha de marketing tem tido resultado inverso na opinião pública norte-americana. Segundo uma recente pesquisa da CBS News e do New York Times, 61% dos americanos pensam que os Estados Unidos não deveriam ter entrado em guerra no país árabe. Interessante é a amnésia quanto a participação da mídia daquele país que, depois de 11 de setembro, patrocinou uma campanha pesada em defesa da invasão militar no Iraque. Hoje, cerca de 150.000 soldados americanos estão mobilizados no Iraque. Mais de 3,4 mil militares dos Estados Unidos foram mortos no Iraque desde a invasão do país em março de 2003, segundo um balanço da AFP com base em dados do Pentágono.

Poema do aviso final


A poesia do piauiense Torquato Neto, com toda a sua eloquência, ilustrada por obra de Portinari:

"É preciso que haja alguma coisa
alimentando o meu povo;
uma vontade
um certeza
uma qualquer esperança.
É preciso que alguma
coisa atraia a vida
ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminhos.
É preciso que haja algum respeito,
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se afirmará
a machadadas."

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Galeano de novo


El gol es el orgasmo del fútbol. Como el orgasmo, el gol es cada vez menos frecuente en la vida moderna.

Hace medio siglo, era raro que un partido terminara sin goles: 0 a 0, dos bocas abiertas, dos bostezos. Ahora, los once jugadores se pasan todo el partido colgados del travesaño, dedicados a evitar los goles y sin tiempo para hacerlos.

El entusiasmo que se desata cada vez que la bala blanca sacude la red puede parecer misterio o locura, pero hay que tener en cuenta que el milagro se da poco. El gol, aunque sea un golecito, resulta siempre gooooooooooooooooooooooool en la garganta de los relatores de radio, un do de pecho capaz de dejar a Caruso mudo para siempre, y la multitud delira y el estadio se olvida de que es de cemento y se desprende de la tierra y se va al aire.

Eduardo Galeano


"(...) Qué tal si empezamos a ejercer el jamás proclamado derecho de soñar? ¿Qué tal si deliramos, por un ratito? Vamos a clavar los ojos más allá de la infamia, para adivinar otro mundo posible: [...] La gente trabajará para vivir, en lugar de vivir para trabajar; se incorporará a los códigos penales el delito de estupidez, que cometen quienes viven por tener o por ganar, en vez de vivir por vivir nomás, como canta el pájaro sin saber que canta y como juega el niño sin saber que juega (...)"

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Rato do orçamento


O senador Romero Jucá (PMDB-RR) é o campeão de emendas para beneficiar a Gautama. Jucá incluiu no Orçamento da União de 2005 R$ 94,3 milhões em emendas destinadas a obras tocadas pela empreiteira de Zuleido Veras, acusado pela Polícia Federal de coordenar esquema de fraude em licitações e desvio de verba pública. O valor equivale a 55% dos recursos reservados pelo Congresso, por meio de emendas de bancada, a empreendimentos que contaram com a participação da construtora entre 1998 e 2006. Alguma surpresa sobre Jucá?

Só pra lembrar alguns casos:

- Ele já foi líder do governo no Senado e ministro da Previdência Social durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, entre março e julho de 2005. Sua manutenção no cargo ficou insustentável devido a uma série de denúncias de irregularidades envolvendo sua reeleição ao Senado e em razão de empréstimos feitos junto ao Basa (Banco da Amazônia) entre 1994 e 1996. Jucá sempre alegou que as acusações tinham cunho político, que todas as operações foram legais e que nunca se provou nada contra ele.

- A passagem de Romero pela Funai foi desastrosa, lhe sobraram processos. Na Fundação Roraima, o MPF o acusa de se apropriar de um canal de TV, que hoje é a TV Caburaí, e de desviar dinheiro que seria para pessoas carentes para bancar seus gastos pessoais. Aliás, gastos seus e da sua então mulher, a prefeita Teresa Jucá. Tudo isso foi, inclusive, divulgado pelas revistas Veja e IstoÉ.

- Tão logo assumiu o cargo de senador da República, Romero conseguiu liberar R$ 4,5 milhões para a empresa Frangonorte Ltda, que revendia frango da Sadia e não aplicou um centavo no projeto, como constataram auditores do Basa. Hoje, o banco cobra sem sucesso uma dívida de R$ 32 milhões em juros e correção monetária do papagaio feito por Jucá há quase 10 anos. Essas informações foram divulgadas pelo Correio Braziliense e pela IstoÉ.

- Há ainda investigações de denúncias de supostos desvio de recursos públicos destinados para Fundação Nacional de Saúde, em programas da Eletronorte, Petrobrás, e negócios com o Banerj e outros.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

A nação assaltada


A renúncia do ministro Silas Rondeau, das Minas e Energia, é um bom sinal. Olhando, é claro, pelo lado positivo do caso Gautama. Em outros tempos, dificilmente um ministro seria investigado pela Polícia Federal ou uma denúncia como esta viria a público com tanta rapidez. Mas a renúncia apenas não basta. Gente como Rondeau e Zuleido Veras, dono da Gautama, deveria passar o resto de sua vida na cadeia. Talvez isso não permitisse recuperar todo o prejuízo causado a milhões de brasileiros que, por falta de investimento público, sofrem com a falta de moradia, saúde, educação e segurança. Mas serviria coo exemplo para que outros não se aventurassem nesse incessante assalto ao Estado brasileiro. Fica a sugestão para tornar a legislação mais rigorosa para casos de mau uso do dinheiro público.
Segundo um relatório da PF, Rondeau recebeu no Ministério a diretora financeira da empreiteira Gautama, Maria Fátima Palmeira, com R$ 100 mil em dinheiro. Das 43 pessoas inicialmente presas na Operação Navalha, da Polícia Federal, 19 já foram soltas. Segundo as investigações, entre 1998 e 2006 a Gautama recebeu um total de R$ 116 milhões para dezenas de obras públicas, das quais algumas nem sequer chegaram a existir em projeto.

Mestre Cartola


De Cartola, a poética Alvorada:

Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
( a alvorada )
Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
Mas o que me resta é tão pouco
Ou quase nada, do que ir assim, vagando
Nesta estrada perdida.

Povo inexistente


A democracia se tornou um rótulo politicamente correto no Brasil. A questão é a qual democracia nos referimos. Mas isso é assunto para uma longa conversa. Por ora, registro apenas estranheza com a troca de nome do antigo PFL (Partido da Frente Liberal), formado por dissidentes do PDS, sigla que representou os militares no período ditatorial, por Partido Democrata (PD). Ou "Demo", como tem sido chamado inclusive no meio político do Congresso Nacional.
A propósito do assunto, cito alguns comentários do respeitado professor Fábio Konder Comparato, aposentado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, a "democracia acha-se consagrada entre nós como um "valor universal", mas sem nenhum conteúdo preciso. E este, para o professor, é o lamentável "mal entendido" da atualidade. No meio político, da extrema direita à extrema esquerda, ninguém ousa declarar-se antidemocrático. Como exemplo desse mal-entendido ele cita a troca de nome do PFL. "Ser favorável à democracia nos dias de hoje é uma exigência de etiqueta ou boa educação, tal como quando cumprimentamos alguém, perguntando-lhe "como vai", ou desejando-lhe "bom dia", mas sem nenhum conteúdo preciso."
Um dos advogados de acusação no processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, e autor de ação contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, Comparato afirma que o regime político predominante no país foi a oligarquia, salvo "curtos lapsos de ditadura pessoal ou domínio militar". A razão desse vácuo democrático é a mesma do nosso privatismo anti-republicano, disse, onde o povo é politicamente inexistente. "O povo está sempre à margem do cenário, como o carreteiro descalço, que admira da beira de estrada, sem compreender absolutamente nada, a cena heróica do grito do Ipiranga no quadro célebre de Pedro Américo", conclui o professor, uma das referências intelectuais do país.

domingo, 20 de maio de 2007

¿Tomamos unos mates?


Obra de Juan Manuel Blanes

El mate no es una bebida... Bueno, sí... Es un líquido
y entra por la boca... Pero no es una bebida.
En este país nadie toma mate porque tenga sed.
Es más bien una costumbre... como rascarse.
El mate es exactamente lo contrario que la televisión:
te hace conversar si estás con alguien, y te hace
pensar cuando estás solo...

Cuando llega alguien a tu casa la primera frase es
"hola" y la segunda "¿unos mates?"
Esto pasa en todas las casas... En la de los ricos y
en la de los pobres.

Pasa entre mujeres charlatanas y chismosas y pasa
entre hombres serios o inmaduros.

Pasa entre los viejos de un geriátrico y entre los
adolescentes mientras estudian o se drogan.
Es lo único que comparten los padres y los hijos sin
discutir ni echarse en cara.

Peronistas y radicales ceban mate sin preguntar.
En verano y en invierno. Es lo único en lo que nos parecemos las víctimas y los
verdugos, los buenos y los malos.

(...) Los teclados de Argentina tienen las letras llenas de
yerba.

La yerba es lo único que hay siempre en todas las
casas... Siempre. Con inflación, con hambre, con militares, con
democracia, con cualquiera de nuestras pestes y
maldiciones eternas.

Y si un día no hay yerba, un vecino tiene y te da...
La yerba no se le niega a nadie.

(...) ¡Es la solidaridad de bancar esos mates lavados porque
la charla es buena! La charla, no el mate.
Es el respeto por los tiempos para hablar y escuchar,
vos hablás mientras el otro toma y es la sinceridad
para decir: ¡Basta, cambiá la yerba!"
Es el compañerismo hecho momento.
Es la sensibilidad al agua hirviendo.
Es el cariño para preguntar estúpidamente: "¿está
caliente, no?"

Es la modestia de quien ceba el mejor mate.
Es la generosidad de dar hasta el final.
Es la hospitalidad de la invitación.
Es la justicia de uno por uno.
Es la obligación de decir "gracias", al menos una vez
al día. Es la actitud ética, franca y leal de encontrarse sin
mayores pretensiones que compartir.
¿TE SENTISTE INCLUÍDO?.
Compartilo entonces con quienes alguna vez tomaste un mate.

Para tener el futuro...


"...y miren lo que son las cosas que para que nos vieran nos tapamos el rostro; para que nos nombraran nos negamos el nombre; apostamos el presente para tener futuro; y para vivir.... morimos"
Subcomandante Marcos, del Ejército Zapatista de Liberación Nacional

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Ameaça à autonomia




Estudantes escalam torre do relógio na USP durante protestos contra decretos do governador José Serra (PSDB) que, entre outras medidas, criaram a Secretaria de Ensino Superior e farão com que as universidades precisem de autorização do governador para fazer remanejamentos de verba. Desde o dia 3, a USP está ocupada pelos manifestantes, que vêem nas medidas de Serra uma ameaça à autonomia da universidade.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Ségo



Ségonèle Royal, candidata socialista na disputada eleição francesa, derrotada pelo conservador Sarkozy. O arrependimento virá.

Em campo


O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo, entrou em campo hoje, mais uma vez, para defender o governo dos movimentos da oposição. Foi na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, quando deputados da oposição cobravam a presença do ministro da Fazenda Guido Mantega na reunião. Eles exigiam explicações do ministro sobre as elevadas tarifas bancárias. Beto tentou evitar a convocação de Mantega alegando que a posição do governo sobre o assunto seria exposta pelo secretário de política econômica do ministério, Bernard Appy. O vice-líder sugeriu aos parlamentares um encontro com Mantega no Ministério da Fazenda.