quinta-feira, 15 de maio de 2008

Renúncia 2


A saída de Marina Silva rendeu mais no editorial do "Independent", que cita um relatório encomendado pelo governo britânico, o Sterns Report, cuja recomendação é o fim do desmatamento como a melhor e mais barata forma de combater o aquecimento global --e que não exige sequer inovações tecnológicas. Essa iniciativa consumiria "apenas a vontade política e cerca de US$ 80 bilhões, uma conta relativamente baixa se for paga por todo o mundo", afirma o jornal.

"O Brasil não vai pagar", diz o jornal. "E por que deveria pagar por algo que vai beneficiar todo o mundo?" O editorial conclui dizendo que "chegar a um acordo internacional viável é o desafio para o próximo Kyoto. Mas uma coisa é clara. Esta parte do Brasil é muito importante para deixar para os brasileiros. Se perdermos as florestas, perdemos a luta contra o aquecimento global."

A renúncia da ministra também foi destaque em vários outros jornais. Também na Grã-Bretanha, o The Guardian afirma em reportagem que o "medo pelo futuro da maior floresta tropical do mundo aumentou ontem, depois da renúncia repentina da ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva".

Na França, o "Le Monde" destaca que a carta de demissão de Marina Silva chegou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na mesma hora em que o anúncio era feito à imprensa. Na Espanha, o "El País" afirma que Lula "deu as costas à maior defensora da Amazônia", destacando que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, "sua rival no governo", é quem ganha com a demissão.

Em artigo relacionado, o "El País" destaca ainda a "volatilidade" do governo Lula, afirmando que os ministros "não duram muito".

Renúncia 1


A renúncia de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente foi considerado um "golpe para futuro do planeta" pelo jornal britânico "The Independent".

No editorial de título "Salvem os pulmões de nosso planeta", publicado nesta quinta-feira, o jornal afirma que, cinco anos atrás, a ministra foi nomeada como o "anjo da guarda" da Amazônia, mas desde então vinha travando batalhas com fazendeiros e madeireiras.

"Ela freqüentemente parecia uma voz solitária no governo brasileiro --derrotada em votações como a introdução de grãos geneticamente modificados, a construção de uma nova usina nuclear e em projetos maciços de infra-estrutura, incluindo duas grandes represas para hidrelétricas e a construção de uma nova estrada na floresta."

Segundo o jornal, a Amazônia deveria ser uma preocupação mundial. "É fácil para as nações ricas condenar uma economia emergente que sucumbe às pressões comerciais e abandona o meio ambiente. Mas este não é o problema de apenas um país. As mudanças climáticas são o maior fracasso do mercado já visto no mundo; aqueles que poluem, geralmente, não são os que pagam. A Amazônia é um recurso precioso para o mundo todo e pelo qual nós todos devemos assumir responsabilidade", afirma o editorial.