sexta-feira, 11 de maio de 2007

Fechado acordo Brasil-Bolívia


A Petrobrás fechou um acordo com a Bolívia que pagará US$ 112 milhões pelas duas refinarias implantadas pela estatal brasileira naquele país. Com a decisão, a Petrobrás abandona o refino de petróleo na Bolívia. O pagamento será feito em duas parcelas, e poderá ser quitado com o fornecimento de gás. “O diálogo prevaleceu. Estamos satisfeitos com o entendimento”, disse o ministro de Minas e Energia brasileiro, Silas Rondeau.
O negócio foi acertado em reunião entre o presidente da Bolívia, Evo Morales, e os ministros da área energética na sede do governo. “Com o irmão Lula, jamais vamos nos enfrentar”, disse Evo Morales. A Petrobrás havia adquirido as plantas em 1999 por US$ 104 milhões. Desde então, a companhia investiu cerca de US$ 20 milhões. A proposta de venda das refinarias foi apresentada pela Petrobrás como reação à decisão do governo de Evo de expropriar o fluxo de caixa das refinarias dentro do programa de nacionalização do gás boliviano – uma de suas bandeiras de campanha.

Para onde voam os tucanos


Após duas derrotas eleitorais e incapaz de ocupar o espaço de oposição ao governo Lula, o PSDB perdeu o eixo político. Em sua primeira gestão, Lula adotou bandeiras tucanas como estabilidade econômica, proteção social e prioridade para a educação. Isso esvaziou o discurso do PSDB. Vencida a turbulência com denúncias e o mensalão, o governo Lula é aprovado por mais de 60 milhões de brasileiros. Tucanos como José Serra e Aécio Neves olham para 2010, mas lançam olhares na direção de Lula, fortalecido pela popularidade, o bom desempenho do governo e a tranquilidade da economia brasileira.
Isso deixa cada vez mais isolado o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que fala quase sozinho, enquanto os governadores tucanos trocam gentilezas com o governo federal. Se o PSDB tiver Serra na disputa à presidência em 2010, Aécio buscará no PMDB o espaço para sua candidatura. Neste caso, tentaria o apoio de Lula. Por isso, janta com Michel Temer (PMDB) e almoça com o presidente.
Problema: o PT aceitaria não ser a cabeça-de-chapa? Dificilmente.
A confusão é tanta no PSDB que alguns tucanos chegaram a sugerir uma pesquisa nacional para que a população indique ao partido o rumo a seguir. “Estamos aniquilados”, chegou a dizer o deputado paulista José Aníbal quando saíram os resultados das primeiras sondagens sobre a popularidade de Lula desde a segunda posse. Outro problema para o PSDB é ser oposição tendo afinidades com o governo, em relação a questões macro como democracia, controle da inflação, responsabilidade fiscal, crescimento e combate à desigualdade.
Traçar o cenário político do país para os próximos três anos é um desafio de alto risco.

Ojalá


De Silvio Rodriguez,

"Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo.
Ojalá que la luna pueda salir sin tí.
Ojalá que la tierra no te bese los pasos.

Ojalá se te acabé la mirada constante,
la palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
para no verte tanto, para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones:
ojalá que no pueda tocarte ni en canciones

Ojalá que la aurora no dé gritos que caigan en mi espalda.
Ojalá que tu nombre se le olvide a esa voz.
Ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado.
Ojalá que el deseo se vaya tras de tí,
a tu viejo gobierno de difuntos y flores."

Frase do dia


"Vou sentir saudades de Tony Blair (ex-primeiro-ministro britânico)."

Presidente dos EUA, George Bush, sobre seu ex-colega Blair, principal parceiro na guerra contra a militância islâmica que se seguiu aos ataques de 11 de setembro de 2001 aos EUA. Segundo a Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque (Unami), apenas em 2006, mais de 34,4 mil pessoas foram mortas no país.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Centenário de Werneck


Este é o ano do centenário do nascimento do pintor, desenhista e ilustrador Paulo Werneck (1907 / 1987), nascido no Rio de Janeiro em 29 de julho. Werneck introduziu no país a técnica do mosaico, contribuiu com seus murais para projetos de arquitetos como Oscar Niemeyer e publicou como ilustrador duas lendas brasileiras, Negrinho do Pastoreio (1941) e Lenda da Carnaubeira (1939). Deixou sua arte em edifícios como o do Ministério da Fazenda, no Rio, a Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha, e o Palácio do Itamaraty, em Brasília. Com mais de 300 painés em prédios e residências, em todo o país, Paulo Werneck foi um incansável colaborador do Modernismo.

Grêmio avança na Libertadores


Com gols de Tcheco e Diego Souza, o Grêmio venceu o São Paulo por 2 x 0 nesta quarta-feira em Porto Alegre e avançou às quartas-de-final da Copa Libertadores da América. Já o Flamengo foi eliminado pelo Defensor Sporting, do Uruguai, mesmo após ter batido o rival por 2 x 0 no Maracanã.
No Olímpico lotado, o Grêmio partiu para cima do São Paulo e abriu o placar aos 17 minutos, com Tcheco aproveitando cobrança de falta de Lúcio.
Melhor na primeira etapa, a equipe gaúcha suportou a pressão são-paulina no início do segundo tempo. E, com o jogo já equilibrado, ampliou o marcador a 15 minutos do fim, com Diego Souza.
O resultado classificou o Grêmio, que havia perdido o jogo de ida por 1 x 0 no Morumbi. Seu adversário nas quartas-de-final será o Defensor Sporting, do Uruguai, que nesta quarta-feira eliminou o Flamengo no Maracanã. (Agência Reuters)

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Vias da morte


As vias expressas de Brasília servem de modelo para qualquer capital do país. O problema é que a irresponsabilidade de muitos motoristas tem aumentado, a cada ano, o número de mortos no trânsito. As principais vítimas são ciclistas. O caso mais recente aconteceu na última segunda-feira, no Lago Norte, quando Denise Farias Terra, de 26 anos, dirigindo uma Mercedes-Benz A160, atingiu o jardineiro Dênis, 28 anos, e o servidor público Alberto Jorge Teles Barbosa, 40 anos. Com as duas mortes, sobe para 32 o número de ciclistas que perderam a vida no trânsito do Distrito Federal neste ano, segundo dados do Detran.

Papa, Lula e o PAC


Charge do jornal Folha de S. Paulo de hoje.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Irrealismo da sociedade real


Há pouco mais de 13 anos, morreu na França Guy Debord. Filósofo, agitador social e diretor de cinema, Debord se definia como "doutor em nada" e pensador radical. A partir de 1957, quando fundou na Itália a Internacional Situacionista, com outros intelectuais, desenvolveu o discurso libertário que ganharia o mundo no movimento de Maio de 1968. Em seu clássico "A sociedade do espetáculo", Debord inova na análise crítica da moderna sociedade de consumo. A seguir, reproduzo apenas uma de suas afirmações, esclarecedora e atual:

"(...) o espetáculo é ao mesmo tempo o resultado e o projeto do modo de produção existente. Não é um suplemento do mundo real, uma decoração que lhe é acrescentada. É o âmago do irrealismo da sociedade real (...)O espetáculo é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta em sua plenitude a essência de todo sistema ideológico: o empobrecimento, a sujeição e a negação da vida real (...)"

segunda-feira, 7 de maio de 2007

E dê-lhe Grêmio!


O Grêmio é o campeão gaúcho de 2007!Com atuação luxuosa, a vitória sobre o Juventude pelo placar de 4 a 1, em um Olímpico lotado, o tricolor gaúcho conquistou o bicampeonato estadual e o 35º título regional de sua história.
Agora é o São Paulo na quarta, pela Libertadores!

domingo, 6 de maio de 2007

O gás da Bolívia



A Bolívia é o país com a maior desigualdade entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres – US$ 12.849 por ano contra US$ 82, uma diferença de 157 vezes, segundo relatório do PNUD/2007. Isso não é por acaso. A história desse país é marcada pela exploração dos recursos naturais e a exclusão da população indígena e chola (mestiços de classe média baixa).
A prata, o salitre, o látex, o petróleo e o estanho foram arrancados do solo boliviano para enriquecer a elite criolla e a colônia espanhola. Por mais de dois séculos, a prata de Potosí alimentou parte do desenvolvimento capitalista europeu. A cidade transformou-se em meados do século 16 na mais povoada, mais cara e mais esbanjadora do mundo, conta Eduiardo Galeano. Toda a riqueza extraída do morro de Potosí foi escoada pelo porto de Arica.
Em troca, a elite em Potosí recebeu vinhos da Espanha e chapéus e sedas da França, cristais de Veneza e perfumes da Arábia. A festa dos senhores era sustentada pelo trabalho dos índios no interior das minhas. A semana inteira, respirando o pó que matava os pulmões. Mascavam coca para enganar a fome. Aos sábados, ao final do dia, soava o toque de oração e saída. No dia seguinte, os trabalhadores emergiam dos túneis para o curto descanso.
Galeano relata que um padre recém-chegado a Potosí, vendo os índios aparecerem nos subúrbios da cidade, com as costas marcadas por chicotes, comentou:

- Não quero ver este retrato do inferno.
- Pois feche os olhos, padre - aconselharam.
- Não posso - disse o sacerdote. - Com os olhos fechados, vejo mais.

De lá pra cá, a Bolívia seguiu seu curso de exploração e pobreza. Em 2005, a vitória de Evo Morales - líder do partido Movimento para o Socialismo (MAS) - foi justamente uma reação da maioria indígena que espera mudar essa realidade. Por isso, um dos primeiros atos de Morales como presidente do país foi anunciar a nacionalização dos hidrocarbonetos - petróleo e gás -, uma possibilidade de alcançar melhores condições de vida para a população boliviana. O gás natural, em especial, é cobiçado por companhias petrolíferas multinacionais em acordo com as classes dominantes bolivianas. Há séculos os indígenas vêem uma chance de sacar das mãos da oligarquia e de grandes empresas o domínio sobre os recursos minerais.
Esse é um dos compromissos históricos, e inadiáveis, de Morales com o seu povo - ainda o mais pobre da América do Sul. É razoável alguém se opor a ele?

Mass media

Do poeta uruguaio Mario Benedetti:

"De los medios de comunicación
en este mundo tan codificado
con internet y otras navegaciones
yo sigo preferiendo
el viejo beso artesanal
que desde siempre comunica tanto."