segunda-feira, 30 de abril de 2007

Plaza de Mayo, 30 anos


Um grande concerto popular encerra nesta segunda-feira, em Buenos Aires, a programação comemorativa dos 30 anos de mobilização das Mães da Praça de Maio. Desde que perderam seus filhos pela ação criminosa da ditadura militar, las madres ocupam a praça em frente à sede do governo argentino para lembrá-los. Com fotos das vítimas, detidos e desaparecidos, sempre às quintas-feiras à tarde, elas protestam contra a violência do regime militar. Mas, nesse longo período, essas mulheres deram demonstrações de solidariedade a outras lutas, sempre do lado do povo. Na última quinta-feira, iniciaram um jejum em apoio a professores em greve. Corajosas e persistentes, las madres impedem que a história seja esquecida. E, assim, tornam-se símbolos de resistência na América Latina.
Que elas nos sirvam de exemplo, sempre.

domingo, 29 de abril de 2007

Silêncio


Escritor e ensaísta escocês, Thomas Carlyle fez interessante comentário sobre o costume de fumar tabaco e as "conseqüências incalculáveis" dessa prática caso fosse introduzida nos parlamentos da sua época. O trecho abaixo é retirado do livro Vida de Frederico II da Prússia (foto) , 1858-65. A tese de Carlyle é atualíssima, e seria de grande valia para evitar o sem número de episódios lamentáveis que costumamos ver nos parlamentos brasileiros, salvo as (cada vez mais) raras exceções.

"Fumar tabaco é a única circunstância na qual, graças a nossos hábitos europeus, os homens podem sentar-se juntos em silêncio, mas não fechados em si mesmos, e na qual nenhum homem necessita proferir uma palavra além daquelas que realmente e de fato deve dizer. Ao contrário, tanto as leis da honra como a afabilidade individual convidam cada homem a ser sucinto; em qualquer circunstância, a manter sua quietude e retomar seu cachimbo no mesmo momento em que se manifestou, se teve oportunidade de fazê-lo. Se introduzidas nos parlamentos constitucionais, as conseqüências de tão saudável prática poderão ser incalculáveis."

Burgueses

A cada domingo, uma poesia, uma letra de música... Começo com esta do cubano Pablo Milanés.

"No me dan pena los burgueses
Vencidos. Y cuando pienso que van a darme pena,
Aprieto bien los dientes y cierro bien los ojos.
Pienso en mis largos días sin zapatos, ni rosas.
Pienso en mis largos días sin sombrero, ni nubes.
Pienso en mis largos días sin camisa, ni sueños.
Pienso en mis largos días con mi piel prohibida.
Pienso en mis largos días.

—no pase por favor. esto es un club.
—la nómina está llena.
—no hay pieza en el hotel.
—el señor ha salido.
—se busca una muchacha.
—fraude en las elecciones.
—gran baile para ciegos.
—cayó el premio mayor en santa clara.
—tómbola para huérfanos.
—el caballero está en parís.
—la señora marquesa no recibe.

En fin, que todo lo recuerdo.
Y como todo lo recuerdo,
¿qué carajo me pide usted que haga?
Pero además, pregúnteles.
Estoy seguro
De que también recuerdan ellos."