quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Morales apela para o diálogo

A agência de notícias Reuters informou que o presidente boliviano, Evo Morales, fez nesta quinta-feira um novo apelo ao diálogo com partidos e líderes regionais oposicionistas, para tentar resolver a tensão em torno da nova Constituição e da renda mínima para idosos. Morales, que não teve sucesso em tentativas anteriores de negociação, pediu aos líderes da Assembléia Constituinte que busquem o consenso entre todos os partidos sobre a nova Carta, aprovada preliminarmente no fim de semana pela bancada governista.
"Esperamos que essas pessoas [da oposição] façam uma profunda reflexão para juntos apostarmos na Bolívia", afirmou ele a jornalistas no palácio presidencial, criticando o "duplo discurso" dos líderes regionais, "que falam de unidade e gritam independência, falam de democracia e chamam à desobediência".
A oposição mantém-se irredutível. Os adversários do governo rejeitam --às vezes no Congresso, às vezes com greves regionais-- quase todos os planos políticos e econômicos do governo de Morales. O líder popular Waldo Albarracín também fez um "apelo urgente" ao diálogo nacional, enquanto a Igreja Católica convocou para um minuto de oração na sexta-feira pela paz e a unidade do país.
Embaixadores europeus deixaram uma reunião com Morales oferecendo ajuda para resolver a crise no país.
Segundo o vice-presidente da Bolívia, o sociólogo Alvaro García Linera, o que ocorre em seu país é, essencialmente, "um processo de ampla e generalizada luta e redistribuição do poder". Linera afirma que a reação às propostas do governo Morales dá-se por que a classe que sempre se beneficiou da riqueza do país e das relações com o Estado não aceitam a proposta de pactuação apresentada pelos movimentos sociais que respaldaram a recente vitória eleitoral. "Apostamos num processo de redistribuição pactuado do poder com um novo núcleo articulador: o movimento indígena”, afirma.

Ao tomar posse, García Linera dera o tom do novo governo que, segundo ele, voltará a unir a Bolívia após um período de instabilidade política e social, "mas não sobre as bases da injustiça, da imoralidade, do racismo". O sociólogo disse: "Cabe agora aos povos indígenas, aos mais nobres, aos mais verdadeiros de nossa pátria, à gente humilde ocupar o comando da nação e conduzi-la por um caminho de unidade, de integridade nacional", afirmou
As palavras de Linera encontram sentido na histórica realidade de exclusão da ampla maioria indígena boliviana, que representa 65% da população. A Bolívia é considerada o país mais pobre da América do Sul.

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