quarta-feira, 5 de março de 2008

Mídia e liberdade, segundo Chomsky


O Le Monde Diplomatique Brasil entrevistou certa vez o lingüista e professor do MIT, Noam Chomsky, e lhe perguntou por que sempre que o jornalista é indagado se sofre pressões ou censura, a resposta é invariavelmente "não".
Ao que Chomsky respondeu:

"Quando os jornalistas são questionados, eles respondem de fato: "nenhuma pressão é feita sobre mim, escrevo o que quero". E isso é verdade. Apenas deveríamos acrescentar que, se eles assumirem posições contrárias à norma dominante, não escreveriam mais seus editoriais. Não se trata de uma regra absoluta, é claro. Eu mesmo sou publicado pela mídia norte-americana. Os Estados Unidos não são um país totalitário. Mas ninguém que não satisfaça exigências mínimas terá chance de chegar à posição de comentarista respeitável.
Esta é, aliás, uma das grandes diferenças entre o sistema de propaganda de um Estado totalitário e a maneira de agir das sociedades democráticas. Com certo exagero, nos países totalitários, o Estado decide a linha a ser seguidae todos devem se conformar. As sociedades democráticas funcionam de outra maneira: a linha jamais é anunciada como tal; ela é subliminar. Realizamos, de certa forma, uma 'lavagem cerebral em liberdade'.
Na grande mídia, mesmo os debates apaixonados se situam na esfera dos parâmetros implicitamente consentidos - o que mantém na marginalidade muitos pontos de vista contrários. O sistema de controle das sociedades democráticas é mais eficaz; ele insinua a linha dirigente como o ar que respiramos. Não percebemos e, por vezes, nos imaginamos no centro de um debate particularmente vigoroso. No fundo, é infinitamente mais teatral do que nos sistemas totalitários. (...)"

A resposta de Chomsky prossegue, mas me limito a reproduzir este trecho, que já é mais do que suficiente.

Nenhum comentário: