domingo, 8 de julho de 2007

Tópicos do atraso


Tela de Portinari

Em 1851, o tráfico de escravos foi extinto no Brasil. Isso provocou um excesso de liquidez no mercado, favorecendo outras atividades econômicas. Vivia-se um período de equilíbrio fiscal e redução das taxas de juro. A tendência era a de isolamento da produção escravista, monetização da produção livre e liquidação das cadeias de endividamento. A nova realidade derivava, em parte, de sacrifícios feitos pelos setores liberais - e antiescravistas - do país.
Mas essa etapa durou pouco. Em menos de dois anos, uma reação conservadora, apoiada pelo imperador português, que ainda exercia influência sobre os rumos econômicos e políticos, mudou o rumo dos fatos. Entrou em jogo a antiga autoridade real para impedir a capitalização do mercado livre. O sistema financeiro foi estatizado e o gasto público incrementado. O primeiro passo, segundo relata Jorge Caldeira, em sem A Nação Mercantilista, foi a tomada do Banco do Brasil, o segundo a realização de um conjunto de obras públicas, a principal delas a estrada de ferro d. Pedro I.
"O que a 'natureza' não mais fazia, o Estado faria: preservar o atraso na liquidação das cadeias de dependência", afirma. Dessa forma, o Brasil assumiu o acordo português da Restauração, abandonando mais uma vez (e não seria a última) os objetivos de crescimento econômico, para "manter a união nacional das clientelas".

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